“Vegetarianos” a tempo parcial – Tendência & Consciência
Os seguidores de uma dieta vegetariana, geralmente, estendem essas opções a outras áreas de consumo, como vestuário, produtos de higiene, produtos de limpeza, etc…mas focando apenas a vertente alimentar, convém relembrar que dentro do vegetarianismo distinguem-se 4 grupos, mediante os alimentos incluídos e/ou excluídos (mais informação aqui: https://www.origensbio.pt/origens-experts/artigo/tipos-vegetarianos).
Apesar da dificuldade em saber qual a absoluta dimensão da população que segue um regime alimentar vegetariano, é claro um aumento significativo da fatia de consumidores que, de forma regular ou esporádica, utilizam as alternativas vegetais aos alimentos de origem animal. A par das já conhecidas preocupações de saúde, e consciência do bem estar animal, o crescimento gradual verificado mais recentemente deste segmento resultou: da emergência de evidência científica estabelecendo uma relação positiva clara entre o vegetarianismo e o estado saúde/nutrição dos consumidores; do menor impacto ambiental da produção deste alimentos; mas também, da maior variedade, acessibilidade e adequação dos alimentos alternativos às necessidades e hábitos dos consumidores. Todos estes fatores foram fundamentais para o aumento do número de vegetarianos, mas principalmente para o surgimento e crescimento do segmento de flexitarianos. Esta designação remete para a flexibilidade destes consumidores no que diz respeito às opções alimentares. Seja por motivos de saúde e/ou ambientais, os flexitarianos reduzem intencionalmente a ingestão de alimentos de origem animal, fazendo no mínimo três refeições vegetarianas por semana.
Segundo um estudo realizado pela Veganz, os flexitarianos representam mais de 20% dos consumidores europeus e são o grupo com crescimento demográfico mais significativo na ultima década. Uma análise mais detalhada revela que Portugal se encontra entre os países com uma maior fatia de consumidores flexitarianos (28,6%), atrás da Áustria (31,8%) e da Alemanha (30%), sendo a saúde e a sustentabilidades os motivos mais referidos para a redução no consumo de carne e/ou alimentos de origem animal. (https://veganz.com/blog/veganz-nutrition-study-2020/)
O aumento do número de consumidores à procura por alternativas vegetais aos alimentos convencionais refletiu-se numa maior pressão junto da indústria alimentar, para o desenvolvimento de mais, melhores e variadas opções vegetarianas e/ou veganas. A indústria respondeu de forma impressionante. Hoje, temos nos supermercados uma oferta abundante de alimentos alternativos destinados a vegetarianos, mas cada vez mais para o consumidor geral – com grande foco nos flexitarianos.
Ao habitual, e por vezes monótono, catálogo de produtos feitos a partir da soja (como a bebida de soja e o texturizado da proteína de soja) e da proteína do trigo (para produção do seitan), juntaram-se novas matérias-primas com alto teor em proteínas vegetais e elevado potencial tecnológico - como a ervilha, o arroz, o grão, o girassol, entre outros. Com isto, o consumidor tem já à disposição uma extensa e variada gama de produtos que replicam alimentos derivados da carne - como os hambúrgueres, as salsichas, as almondegas, os nuggets e os panados - que facilitam a escolha por estes alimentos, mesmo por consumidores não vegetarianos. Mais recentemente, tornou-se ainda possível (re)produzir alimentos de origem vegetal em laboratório, que parecem carne, têm o sabor e a textura da carne, mas que não são carne!
Segundo dados publicados pelo The Smart Protein Project, ser vegetariano, ou optar apenas por reduzir o consumo de alimentos de origem animal, é trendy e está cada vez mais acessível a todos, sendo cada vez mais motivador optar pelas versões vegetais devido à facilidade de aplicação, conveniência e bom sabor!
De acordo com o relatório 2021 Global Plant Report, os consumidores têm interesse principalmente pelas alternativas à carne, seguido pelas bebidas vegetais alternativas ao leite, e pelos gelados de origem vegetal. Por outro lado, os consumidores referem como principais barreiras ao consumo de alimentos de origem vegetal, a natural preferência pelo que já é conhecido, o desconhecimento acerca dos ingredientes utilizados na produção destes alimentos, e o sabor considerado pouco apelativo (por vezes sem prova prévia).
O aumento de consumo das alternativas vegetais à carne e seus derivados acentuou-se após o início da pandemia de COVID-19. Este incontornável evento mundial, afetou de forma transversal as dinâmicas sociais, mas também a forma como cada um de nós vive num novo contexto. A saúde e a sustentabilidade são hoje temas muito próximos e centrais nas escolhas que todos fazemos, passando cada vez mais pelas opções alimentares. Assim, as previsões indicam que o consumo das alternativas vegetais à carne (aos alimentos de origem animal) se irá manter e tendencialmente ampliar. Portanto, os produtores alimentares continuarão a ser desafiados pelo mercado a desenvolver alternativas a partir de ingredientes mais naturais, facilmente reconhecidos pelos consumidores, mais sustentáveis e com sabor semelhante ou mesmo mais atrativo que os alimentos convencionais (de origem animal).
E tu, já experimentaste algum alimento vegetal alternativo à carne ou derivados? Experimenta, vais ver que ficas surpreendido!